quinta-feira, janeiro 03, 2008
À ERMO
À ermo!
Junto às folhas caídas em meu quarto
Vejo o vento rodopia-las em solidão
Como a mim no abandono dos pensamentos
Seca e úmida como elas a adubar
Junto às penas leves trazidas pelo assassínio
Tênues a movimentar ligeiro
Como a mim na entrega do som
Agrupando os sentidos em meu interior
Entre a poeira de vários dias
Assentadas onde podem pousar
Igual a mim em busca de um lugar
Ao cheiro do ar que me traz sono
Entre os ácaros misturados ao pó de mim
Comendo matéria morta e viva
Igual a mim, alimentando de história
As dobras concretas de minha origem
Situada em lugar ermo
Rogando com instância, licenciosa
Que não é vazio ou oco...
Nem fluido ou líquido... sim espesso... no isentar!!!
Luciana Maria Borges
AGORA SOU
Agora sou
Espectador e ouvinte
Neste instante
A poucos passos de mim
Descendo em convergência
De entrega e solidão
Um minuto de som em prosa
De viola e convicção vaga!!!
Luciana Maria Borges
ESPECTADOR E OUVINTE
Espectador e ouvinte
Você está longe de mim
Mas te vejo agora nos meus mais profundos pensamentos
Você está indo embora
Te chamo e você voa
As vezes lhe vejo imaginando sua volta
Sobrevivência e sonho...
O contínuo não mostra magia
Apenas sua retidão
Sóbrio a vagar vendo suas perdas
Seus toques que desejara outrora
Os nota nas calçadas e entrelinhas
Por que não sou simples
E escrevo minha dor
De que ... não sei... mas sinto insatisfação
No desejo de buscar-te do meu lado
Você que não conheci
Exigindo uma luta... como se eu fosse um grande valor
Onde nas mãos a sentir-se seguro
É mais concreto que o medo de tê-lo a flautear comigo!!!
Luciana Maria Borges
ESGOTADO
Esgotado
Incondicional na escuta
Suscitando a imaginação
Quero sua voz mais firme
Cante para mim
Em meio a detalhes que diferem
Um todo constante
Que penetra esta alma infortuna
Porque assim o fez
Suas sementes vingadas
Incredulice nas estações do ser
Suas rugas... inéditas... de tempo
límpido, depois se vê...
Na correnteza vendo vendo o fim
Essas águas de encontro fúnebre
Por que assim escolheu
Tuas mãos sob a superfície
Agarrando sua alma
Inserindo a vontade de tocar o mundo
A vontade de não sentir
Tão o mesmo... tão o mesmo
Que lhe faz mal!!!
Luciana Maria Borges
DUPLA IDÉIA
Dupla idéia
No abrigo das folhas escuras
Compartilho vórtices de nostalgia
Engendrando a morte no limiar simples
No consciente e inabalado estágio
Este risco que mostra traços teus
Talhado, sulfuroso, encantado...
Porque simplesmente... você
Vértice púrpura que jorra vida
Com o mais nascente sol
Inconsciente em cada um!!!
Luciana Maria Borges