quinta-feira, janeiro 03, 2008

À ERMO


À ermo!

Junto às folhas caídas em meu quarto
Vejo o vento rodopia-las em solidão
Como a mim no abandono dos pensamentos
Seca e úmida como elas a adubar

Junto às penas leves trazidas pelo assassínio
Tênues a movimentar ligeiro
Como a mim na entrega do som
Agrupando os sentidos em meu interior

Entre a poeira de vários dias
Assentadas onde podem pousar
Igual a mim em busca de um lugar
Ao cheiro do ar que me traz sono

Entre os ácaros misturados ao pó de mim
Comendo matéria morta e viva
Igual a mim, alimentando de história
As dobras concretas de minha origem

Situada em lugar ermo
Rogando com instância, licenciosa
Que não é vazio ou oco...
Nem fluido ou líquido... sim espesso... no isentar!!!

Luciana Maria Borges

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