quinta-feira, agosto 29, 2013

TIROU AS PALAVRAS DA MINHA BOCA OSVALDO MONTENEGRO


Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio

Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que o homem que eu amo seja pra sempre amado
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a uma mulher inundada de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso

Mas a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste

E que o convívio comigo mesma se torne ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso
Que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.


Autor: Oswaldo Montenegro

NEVANDO

Nevando
 
Nesta manhã fria recordo
Uso ferramentas de imagem
Para tocar simbolicamente
Nosso ninho
 
Não entenderá...
Subestimo, julgo e acuso
Retrocedendo... arrependendo
Choro as vezes... só para aliviar
 
De fato algumas coisas
Quando escrevemos
Ficam mais fáceis
De amenizar
 
Como você
Quem dera pudesse colocar
Todos os meus erros no papel
Depois rasga-los
 
Ao rasgar a folha
Que todos meus “pecados” escritos
Pudessem também
Deixar de existir
 
Mas esqueci de algo
Assim seria muito fácil... fácil demais
Cometeria infinitos erros, com a leveza de jogá-los fora depois
E com eles não aprenderia jamais... Dorian Gray!!!
 
Luciana Maria Borges

MENTIRA MINHA

Mentira minha
 
Menti para mim
Precisava mentir
Precisava acreditar
Em ti
 
Precisava sentir
Que algo pudesse ser real
Criei seu amor
Menti para mim
 
Precisava ir
Tocá-lo onde se escondia
Descobrir eu
Mentir para mim
 
Lutei para não me deixar
Depois para me entregar
Em seguida recuar
Menti para mim
 
Criei seu afeto
Sentimento e entrega imaginei
Até pude rir... cantarolei feliz
Mas menti... menti para mim!!!
 
Luciana Maria Borges

INTENÇÕES

Intenções
 
Tiveste a noite que queria
Desafoga um passado brusco
Tem respostas de teu corpo
Desassossego de hormônios acumulados
 
Sensações que mente sobre o querer
Não era amor... nunca foi...
Um ritual de conquista
Obteve uma frase... após o gozo!
 
Em silêncio observa
Aquela mulher nua vestindo-se de desconforto
Pelo jugo do olhar e corpo...
Seu corpo fechado
 
No fim desapego
Uma meta e um alvo
Arranca as pétalas uma a uma
Forra o chão de onde mudas...
 
Um ritual de despedida
Apenas o vento saberá
Esconde sob a névoa do tempo
Cortando rotas, para não se alcançar!!!
 
Luciana Maria Borges

DESNUDAR-SE


Desnudar-se
 
Não ficarei aqui
Esperando
Quem em mim está parado quer correr
E quem corre, não quer parar
 
Há tanto para se ver
Tenho fome e sede
Não queremos só comida, nem bebida
Assim diz a música... e eu concordo com ela
 
Nasci nua
Cobertores e roupas morais passaram a me cobrir
Me desnudo para sentir agora frio... calor
Ser índio...
 
Pêlos eriçados de descoberta
Um sopro ao pé do ouvido
Que nada causam
Provavelmente “nada”... existiu!!!
 
Luciana Maria Borges

FORÇA

Força
 
Sou eu uma crítica
Vejo múltiplas faces de uma moeda
Que passa pelas mãos
De muitos
 
Não passo pela porta
Sem questionar
Agindo após pensar
Longas noites em claro
 
Revirando na cama
Suor frio e desconforto... pensando em ti
Apenas uma conclusão
Ter coragem para viver
 
São grades... coercivas
Sujando um brilho próprio
Luto, cerrando-as todo tempo
Saia voz... e ria!!!
 
Luciana Maria Borges

terça-feira, agosto 27, 2013

YOLANDA!


Yolanda

Esta não pode ser, não mais que uma canção
Quem dera fosse uma declaração de amor
Romântica, sem procurar a justa forma
Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa
Te amo,
Te amo,
Eternamente te amo

Se me faltares, nem por isso morrerei
Se é pra morrer, quero morrer contigo
Minha solidão se sente acompanhada
Por isso às vezes sei que necessito
Teu colo,
Tua mão,
Eternamente teu colo

Quando te vi, eu bem que estava certa
De que me sentiria descoberta
A minha pele vais despindo aos poucos
Me abres o peito quando me acumulas
De amores,
De amores,
Eternamente de amores

Se alguma vez me sinto derrotada
Eu abro mão do sol de cada dia
Rezando o credo que tu me ensinaste
Olho teu rosto e digo à ventania
Teu nome, teu nome, eternamente... teu nome


Autor: Chico Buarque de Holanda

PENSO



Penso
 
Pessoas realmente fortes são senhoras de si mesmas.
Não se tornam escravas de vícios, ideologias, religiões...
São pessoas livres, não no sentido neoliberal da palavra, mas livres de amarras sócio culturais.
Conseguem criar novas formas de viver sem destruir o outro com simbologismos e hierarquizações.
Pessoas que se permitem ver o mundo de outra maneira.
Pessoas que se permitem viver, ser meio ambiente, ser planta, ser gente, ser animal!!!
 
Luciana Maria Borges

segunda-feira, agosto 26, 2013

CEGUEIRA


Cegueira

Vejo um mundo mentindo
Criando verdades
Fundando preconceitos
Na base da desigualdade

Assim diz
“O trabalho dignifica o homem”
O trabalho dignifica o homem?
Assim questiono: _Desde que não seja escravo!

Onde tudo começa
Ainda é fonte de estudo infindável
Conhecimento, ainda um bem...
De acesso restrito

Uma caminhada rumo ao fúnebre
Ou obra rumo ao imortal
Criando questões
Fundando (pre)conceitos

Gostaria que soubesse... ou se permitisse
Uma mente aberta que sente
Experimenta tirando conclusões
Mesmo assim, suas conclusões!!!

Luciana Maria Borges

EGO

Ego
 
Indivíduo
Seu ego orgulhoso
Massageado e suprido infla
E quando perde a ternura...
 
Fala
Quer ser ouvido
Quer ser nutrido... quer
Quer ser aplaudido... quer ser...
 
Medo
Subterfúgio e no fundo sabe!
Aproxima de esteios
De esteios glorifica-se...
 
Forte
Ser livre não é fácil
Docilizados seguem... reproduzem...
Ideais nem sempre justos
 
Pensa
Conclusões de margem
Rebuscadas de crença
Descriminantes
 
Melhor
Fundamentos questionáveis
Razões individuais
Um ego... apenas ego!!!
 
Luciana Maria Borges

MUDA

Muda
 
Olha no espelho
Seus olhos refletem o que quer
Muitos querem
Massa bruta que passa pelo moedor...
Tão homogêneo!
Sozinho... um mundo
Um universo a ser desvendado
Moldes... travas
Culturas que baseiam uma tradição
Retorna
Diz quem é o tempo todo!
Nega tudo ao ser surpreendido
Adjetivos direcionados
Desvenda as intenções
Mesmo que as negue
Quem é melhor ou pior?
Vejamos o que diz!
Mente que não relaxa ao verbo...
De falas questionáveis
Vida...
Uma só
Janela de oportunidades...
Para quem, o quê e quando?
Arrematado tempo mutável
Passível de transformação por ideias... mãos
Basta ter... coragem!!!
 
Luciana Maria Borges

quinta-feira, agosto 22, 2013

SUPRIMIR

Suprimir

Não posso
Não quero mais alimentar
Esse monstro dentro de mim
 
Ele surgiu de onde?
Eu o criei?
Ele se criou e me invadiu?
 
Não é possível amar alguém... tanto assim
Minha alma não aguenta
O meu corpo se arrebenta
 
Quantas vezes terei que enterrá-lo
Vendo-lhe brotar novamente
Como praga em mim?
 
Isto é eu ou você?
Eu mesma provoco esta química louca,
Ou você que se adere em meus poros?
 
Um sufoco de anseio frustrado
Uma cadeia invisível, mas real.
Uma rede flexível que permite
 
Fuga que dilacera
Minha carne palpitante
Viva, à flor da pele!!!
 
Luciana Maria Borges 

CERNE DE MIM


Cerne de mim

Amo tanto
Tenho certeza
Quando lhe penso
Sinto a pressão arterial cair
Fazendo meu coração bater devagar
Meu corpo se enfraquece e treme
Como se cansado
Quisesse deitar
Saudade imensa
Sinto sempre de ti
 
O que fazer
Quando dentro de si
Algo não consegue matar?
Um fantasma
Que vira-mexe volta a te assombrar
Fôra de entrega completa e inocente
São meus cernes
Se ajoelham e rezam
Saudade imensa
Sinto sempre de ti!!!
 
Luciana Maria Borges

VOCÊ


Você
 

Não sei se lhe devo agradecer

Mata-lo ou amá-lo

Por ser minha inspiração!

Muitos momentos, sinto raiva de mim!!!

 
Luciana Maria Borges


DORMINDO EM MIM

Dormindo em mim

O tempo é realmente capaz de distanciar a lembrança.
Ao ver aquele corpo, aquele rosto, aqueles olhos
Meus sentidos o escaneiam como se nada houvesse mudado.
De vez em quando retorno
E em mínimos detalhes absorvo seus fragmentos.
Há imprecisão de conhecer o outro e a si mesmo.
Mil receitas de não sentir são ensinadas para viver!
São proibições advindas de um universo de orgulho
Competição... e bla, bla, bla.
Algo se apaga lentamente
E adormece novamente dentro de mim.
Restando apenas um eu latente e sonhador...
Desde que me lembro
Um olhar distante que brilha e almeja respostas
Carinho, paixão... amor!
Desconheço muitas dores do mundo
Pois não senti em minha própria “pele”.
Apenas acredito que para se continuar vivo
É preciso enxergar a realidade como algo que se pode mudar
E que dentro deste contexto, haja momentos...
Em que se possa sorrir, rir, sentir paz!!!

Luciana Maria Borges

BELEZA

Beleza

Preciso sair da tormenta
De um coração vagabundo
Cobranças de um mundo
Que não me deixam envelhecer em paz
Como se houvesse de fato a necessidade de não morrer
Quebrando um ciclo ou querendo quebrar.

Há uma imposição
Como se apenas em parte da vida houvesse beleza
Em que fase somos realmente belos?
Vejo nestas entrelinhas uma violência simbólica
Permitindo desvalores e a autoflagelação
Em busca de uma perfeição meramente utópica.

Mercado, necessidades... vaidade das vaidades.
Até qual ponto?
Até onde é amor próprio?
Até onde é cultural?
Até onde sobrepujará sua vontade... querendo e permitindo-se viver?

Luciana Maria Borges

segunda-feira, agosto 19, 2013

NÃO SE APEQUENE!

Não se apequene!

Não precisamos de críticas vagas
Queremos identidade
Traga nas mãos... tua vontade
Dedilhe histórias... seja imortal


Caminhada, louca vida
Podemos dar as mãos


Não se acomode que o tempo estraçalha
Tenha coragem, seja anormal
Desvende a história com pura vontade
Transforme o mundo, seja imortal

Caminhada, amarga vida
Podemos dar as mãos

Caminhada intensa vida
Podemos dar as mãos 

Caminhada, louca vida
Podemos dar as mãos


Viver não é morrer no silêncio da repressão consumista e excludente.
Vamos dar as mãos...
Um amante da vida anda sempre de mãos dadas a resistir.

Não estamos só...
Ei, olhos tristes...
Não se apequene diante de mim!!!

Um espírito livre não pode ser controlado!! 
É como um rio forte de água abundante!!

Luciana Maria Borges

PRA TI


Pra ti

Reflexo que sorri
Olhando para frente
Ou agora

Bom dia
Assim começa... o dia
Sobre o lembrar

Acordado sempre
Instante...
Aborda as falas

Vontade é
Suspiro passando em mentes
Todo o tempo

Todo este tempo
Esteve
Está!!!

Luciana Maria Borges


terça-feira, agosto 13, 2013

SENSIBLILIZAR

Sensibilizar

O perigo do extremo é cair de uma ponta à outra
A docilização dos corpos funciona para moldar...
Aproximar
Até que ponto deve ser obediente, flexível, pacato, submisso...?  
Eis o que significa ser dócil!
Também a raiva, os nervos à flor da pele...
Dizem
Sensibilizando, com abertura emocional.
Não se toca o diferente, negando abrir “seu” corpo...
Sua mente
Quer beber conhecimento?
Experimente
Compreendendo a cultura, povos, lugares...!!!
 
Luciana Maria Borges

segunda-feira, agosto 12, 2013

CONTINUANDO

Continuando

Não tenho tempo a perder
Com infelicidades
A vida é uma só
Nisto acredito
No fim apenas pó
 
Obrigada pelos instantes
De tudo
E nostalgia, melancolia...
Alegria... assim ia
O mundo dá voltas
É pequeno
 
Bato a poeira dos pés
Deixando para trás
Sementes
Algumas são cortadas
Outras aguadas
Crescem
Enraízam
 
Significa tanto
Amo tanto
Muito mais
Eu
Dançando a música
Liberdade
Sorrindo sempre
Porque gosto de viver!!!
 
Luciana Maria Borges

VIDA

Vida

Aprender
Case que guardará
Composições
São histórias
Emoções
 
Um rio rico
Que almeja
Cada vez mais...
Do caminho do meio
Às vezes foge
 
Subliminar as cóleras
Subterfugiando medos
Enfrentando a caminhada
São interpretações
Falas de uma origem
 
Onde tudo começa
É razão
Parando na fé
Da prece que anseia
Cultivando “valores”
 
Morrer seria vazio
Se não restasse nada
Ser importante
É necessário
Ao pensar!!!
 
Luciana Maria Borges

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