Minoria
Furtada é a face da vida
A cada verso e palavra
ouvida da opressão.
Criação de consumo e dizer
cada dia mais cultural:
Você vale o que tem!
Imposição ferrenha que
gradeia meus pés livres.
Quem vai tirar de mim as
lágrimas
E o fogo do ser que ainda
se expressa em mim?
Ainda lutando por uma
causa
Vendo-se em minoria nas
correntezas deste rio
Em que todos já
garantiram seu bote!
Escutei sua voz oprimida
e me identifiquei.
Em tantos cantos
Em todos os lugares ainda
grito
Calado é o som
retornado!!
Apenas um sibilado
inocente de mãos calejadas se levanta.
O vento espalha toda
poluição crescente
E de pesadelo
infindável.
O que te margeia
rio?
Um ideal brota com força
De sonho se faz a causa
Quem calará este mutante
expressando sua frustração na arte?!
Quem matará seu fogo de
acreditar que não é o que tem
Mas o que é e luta!!?
A sede estará à porta de
quem?!
Caro, estarei aqui ao
menos a ouvir e falar.
Até que a mordaça me
cale.
Acredito que a
honestidade é um rumo bom
Solidariedade e amor ao
próximo.
Longe de uma escrita que
faz ovelhas.
Não fazer ao outro o que
não quer a si.
Um princípio do qual
cresce um castelo fortificado.
Posso beijar-lhe em paz
Na certeza da
reciprocidade conquistada.
Todos os seres vivos
merecem respeito
Cuidado e carinho, mesmo
que depois se tornem sua refeição.
Não suporto ver sua dor
Tu que me manterás vivo
Por ti cuidarei bem-estar!!!
Minoria por uma luta
Maioria em condições
semelhantes
Vamos nos dar as mãos e
crescer
Quem conseguirá quebrar
todos estes gravetos unidos?!
Será mesmo o veneno de
toda contradição!?
Luciana Maria Borges
Endurecer
Sai do casulo que caiu do muro
Não tem escolha a não ser correr
Defende teu pão de cada dia
Teu filho não morrerá de fome
Pelo menos neste dia
Embaúba e o exército em seu interior
Cai na luta do mundo
Não tem escolha a não ser mover
Defende teu pão de cada dia
Amar sempre é possível
Há tempo para olhar além
Mão dada a teus afetos
Neste concentra a vida
Toca de olhar
Vincos de conduzir passos
Até quando fome
Espero que seja brando
Nesta sede de poder sem fim
Fecho os olhos e dorme
Caminhando sobre corpos secos
Não endureça jamais
Quantos morrerão, quantos em ti nascerão?
Para em teu corpo ceder
Amanhã será sempre outro dia
Eterno retornando em mim!!
Luciana Maria Borges
Imortal
Tudo dê ao que se pede a alma
Cheia e inquieta sacode
Aprisionada aniquila e entristece
Mais passo ao som do vento
Às origens de retorno cobra
Não negarás...
Tremerás carcaça!
Um caldo de vida
Cheio, memória revelam olhar
Suprir uma necessidade
Mordendo e correndo ilusões
Algumas necessárias
Fato, calo sentindo
Uma vez forte, outra vez imortal!!
Ponta de furtividade
Requisito correr
Mãos dadas ao tempo
Personalidade e ambiente
Algo consigo traz...
Ficando à frente com um belo sorriso
Memória e letras!!!
Luciana Maria Borges